O tratamento do melasma é muito desafiador devido à sua cronicidade, tendência à recidiva e piora com gatilhos como sol, estresse e hormônios, que são muitas vezes difíceis de remover da rotina do paciente.
Hoje já entendemos que o melasma é uma doença inflamatória e não apenas um problema de pigmentação. Por isso, a abordagem mudou completamente nos últimos anos.
Sabemos que usar apenas produtos clareadores, não será suficiente, porque acabamos tratando só a consequência e não a causa direta. Além disso, o uso criterioso de filtros solares de amplo espectro com cobertura de luz visível é a chave para um tratamento de sucesso.
Não tem como pensar em tratar melasma se não houver um entendimento de como se deve utilizar corretamente o protetor solar.
Qual o melhor laser para tratar melasma?
Os tratamentos a laser não precisam ser indicados para todos os casos de melasma. Eles podem ser reservados para melasma mais grave e que não responde bem aos outros tratamentos.
Há vários anos já temos o conhecimento que aparelhos como luz intensa pulsada, lasers Q-switched, lasers de picosegundos e lasers de resurfacing fracionados, tanto ablativos quanto não ablativos, poderiam ser indicados em alguns tipos de melasma. No entanto, eles produziram resultados variáveis, com recorrência, hiperpigmentação pós-inflamatória e hiperpigmentação de rebote, que significa que inicialmente poderia haver uma melhora, mas com uma piora após alguns meses. Isso tudo limita sua aplicação generalizada.
Os aparelhos de radiofrequência microagulhada tornaram-se inicialmente populares devido à sua eficácia na melhora da flacidez e rejuvenescimento da pele, com um alto perfil de segurança em pessoas de pele mais escura e tempo mínimo de recuperação pós-tratamento. Com a administração por meio de microagulhas, as correntes elétricas atingem tecidos-alvo mais profundos, sempre de forma bem precisa e ajustável, porque selecionamos o comprimento que queremos das microagulhas para que cheguem ao local da pele que queremos tratar.
Sempre houve uma grande preocupação em aquecer a pele com melasma, pois o calor em geral pode provocar efeito rebote.
A radiofrequência causa um aquecimento, mas ele aquece mais profundamente. Tente imaginar que carimbamos as agulhinhas no rosto, então elas já não estão mais na camada mais superficial. Com elas dentro da pele, a radiofrequência é aplicada. Começaram a surgir trabalhos, então, mostrando não apenas bons resultados com ela na melhora do melasma, como também na manutenção do resultado, ou seja, muito menos efeito rebote.
Como age a radiofrequência microagulhada na pele?
Também conhecido como microagulhamento robótico, os aparelhos de radiofrequência microagulhada são a junção de duas técnicas: microagulhas com aquecimento.
Pensem em uma ponteira com várias microagulhas uma ao lado da outra, bem fininhas que vão ser empurradas contra a pele como se fosse um carimbo. Ajustamos qual o comprimento queremos que as agulhas cheguem e no momento que elas penetram na pele, a radiofrequência é jogada lá dentro, na mesma camada que as agulhas atingiram.
Sabemos que tanto as micro feridas provocadas pelas agulhas, quanto o calor levado pela radiofrequência,são duas formas diferentes de estimular o corpo a produzir um novo colágeno, para “consertar” aquele dano causado.
Por isso, é um procedimento indicado para várias outras queixas e não apenas para o melasma.
Já falei que chegamos a um entendimento que o melasma não é apenas um problema de excesso de melanina. Existem várias outras coisas envolvidas, como alterações no colágeno e na vascularização da pele.
Mas será que a melhora do melasma está unicamente associada a esse novo colágeno que é produzido?
Por que a radiofrequência microagulhada melhora o melasma?
O microagulhamento por radiofrequência trouxe uma nova alternativa para o tratamento do melasma resistente. Já sabemos que as manchas do melasma não são apenas uma questão de superprodução de melanina, mas também encontramos vasos sanguíneos anormais, inflamação, fibroblastos envelhecidos e membrana basal enfraquecida.
As teorias propostas por trás da melhora observada do melasma foram o aumento da penetração dos tratamentos tópicos que serão usados na hora ou em casa, e também os efeitos da radiofrequência na derme, uma das camadas da pele não tão superficial ( a mais superficial chama-se epiderme).
Esses efeitos incluem:
- alterações nos micro vasinhos da lesão
- eliminação da melanina
- produção de um novo colágeno devido ao dano provocado pelas agulhas e pelo calor
- reparo de membranas basais danificadas, um pedaço da pele que fica bem superficial e costuma estar danificada nas pessoas com melasma
Como a causa do melasma envolve uma interação de vários fatores, o papel definitivo da radiofrequência em seu tratamento ainda precisa ser validado.
Temos obtido com a radiofrequência microagulhada, além do clareamento do melasma, clareamento também das manchas de sol e outras manchas do rosto.
Quais os benefícios do tratamento com radiofrequência microagulhada?
A radiofrequência microagulhada não é indicada apenas para o melasma. Ela tem vários outros benefícios:
- redução de rugas – estimula produção de colágeno;
- melhora de cicatrizes de acne;
- redução de poros dilatados;
- melhora da luminosidade da pele;
- melhora de manchas e melasma
A radiofrequência microagulhada pode ser associada a outros tratamentos?
Pode e inclusive para tratar melasma, o ideal é sempre associação de tratamentos.
É muito importante manter os produtos de uso em casa orientados pelo dermatologista e se proteger do sol de forma ainda mais cuidadosa quando estiver fazendo procedimentos que geram um tempo de recuperação.
Além disso, podemos fazer as seguintes combinações no consultório:
1- Drug delivery
Drug delivery significa aproveitar orifícios abertos na pele para aplicar substâncias que podem penetrar melhor. Tentando traduzir para o português seria como uma “ entrega do medicamento”. Levamos o medicamento até camadas mais profundas, em busca de resultados melhores.
No caso do melasma, podemos aplicar logo em seguida ao microagulhamento: ácido tranexâmico ou antioxidantes.
2- Laser Q-switched
Esse é um laser específico para melasma. Ele é considerado seguro porque entrega a energia de forma muito rápida. Porém, ainda assim, existe um risco do efeito rebote. Estudos recentes mostraram que a combinação do laser Q-switched com a radiofrequência microagulhada trouxe resultados melhores do que o laser de forma isolada e resultados mantidos, ou seja, com menos efeito rebote.
A radiofrequência microagulhada é indicada apenas para os casos de melasma resistentes aos outros tratamentos?
Até pouco tempo atrás poderíamos afirmar que sim. Qualquer procedimento em consultório para melasma precisa ser indicado com muito cuidado, devido ao risco de causar uma piora, em vez de clareamento.
Porém, estudos mais recentes passaram a sugerir que a radiofrequência microagulhada pode trazer um efeito de manutenção dos resultados quando associada aos tratamentos propostos para serem feitos em casa, devido a sua atuação na derme. É um procedimento que parece prevenir o retorno das manchas já previamente controladas com os tratamentos em casa.
Para exemplificar, um estudo selecionou pessoas que estavam com seus melasmas controlados e claros. Em um lado da face apenas, foi aplicada a radiofrequência microagulhada. No outro não foi aplicado nada. Elas foram acompanhadas por 6 meses e após esse período apresentaram retorno das manchas mais intenso no lado onde não foi aplicada a radiofrequência microagulhada, confirmando que a radiofreqüência microagulhada pode realmente manter a eficácia do clareamento.
Dói para fazer radiofrequência microagulhada para o melasma?
Existe um incômodo que em geral consegue ser amenizado e tolerado com anestesia tópica. É importante chegar mais cedo para ficar ao menos 30 min com a anestesia no rosto.
Quantas sessões são necessárias?
Em geral são indicadas 3 sessões, com intervalos quinzenais ou mensais.
Consigo curar o melasma com esse tratamento?
Infelizmente ainda não existe nenhum tratamento em casa ou no consultório que consiga curar o melasma. Por enquanto o que tentamos é clarear o máximo possível e, mais importante, manter o resultado do clareamento alcançado.
É possível fazer apenas o microagulhamento sem radiofrequência?
Sim.
Há alguns anos atrás, o que fazíamos nos aparelhos microagulhados com radiofrequência na pele com melasma, era desligar a radiofrequência, porque acreditávamos que o calor dela poderia piorar as manchas. Com os estudos mais recentes, começamos a entender que esse calor não fica superficial. Ele é jogado mais profundo, na derme, onde existem várias alterações na pele com melasma que são melhoradas.
Porém, existe a possibilidade de usar um roller, aquele rolinho com várias agulhas, ou um aparelho chamado MMP ( microinfusão de medicamentos na pele), com aplicação de substâncias clareadoras e antioxidantes durante o agulhamento. Os resultados também são bastante interessantes. A vantagem desse método é principalmente o custo. Um microagulhamento feito dessa maneira, não robótico, costuma ter um valor bem menor que o microagulhamento robótico com radiofrequência. Em alguns casos, iniciamos o tratamento com o MMP e de acordo com a resposta, acrescentamos ou não o microagulhamento com radiofrequência.
Quanto custa uma sessão de radiofrequência microagulhada?
Cada sessão no rosto custa em média 1500 a 2500 reais.
A radiofrequência microagulhada é o melhor tratamento para mim?
A radiofrequência microagulhada pode ser o melhor tratamento para você, se:
- cicatrizes de acne te incomodarem
- quiser clarear manchas de melasma ou manter o resultado alcançado no clareamento em casa
Já para tratar rugas, existem diversos outros procedimentos e durante a consulta será avaliado se esse é o mais indicado para o seu caso.
Se ficou interessado em saber mais sobre o assunto, será um prazer te receber na nossa clínica. O melasma é muito desafiador e precisa ser abordado sempre por dermatologistas capacitados. Não existem fórmulas mágicas e as receitas de “internet” podem gerar piora das suas manchas.