Queda de Cabelo

Umas das queixas mais frequentes do consultório é queda de cabelo. Para determinar a causa e os tratamentos, precisamos antes fazer o diagnóstico correto, pois existem diversas doenças que podem fazer o cabelo cair, nascer mais ralo ou parar de nascer.

Vou abordar de forma resumida os principais diagnósticos de queda ou alteração nos cabelos. Dentre os mais comum, temos:

  • Eflúvio telógeno;
  • Alopécia androgenética;
  • Alopécia fibrosante frontal;
  • Alopécia areata;
  • Eflúvio anágeno;
  • Foliculite dissecante;
  • Foliculite decalvante.

1- Eflúvio telógeno

Quando puxamos o cabelo e ele sai nas nossas mãos, ou quando tomamos banho e vemos ele aos montes se acumulando no ralo, ou caindo pela casa em excesso, provavelmente estamos diante de um caso de EFLÚVIO TELÓGENO. É a queixa capilar mais comum no consultório.

Quais as causas de Eflúvio telógeno?

  • Pós gestação;
  • Pós doenças ( aqui temos um grande destaque para o COVID, que costuma causar um eflúvio intenso);
  • Pós cirurgias;
  • Estresse;
  • Alterações hormonais;
  • Dietas muito restritivas;
  • Perda de peso;
  • Deficiência de ferro ou vitamina D;
  • Uso de algumas medicações.

O eflúvio ocorre, em geral, 3 meses após um fator desencadeante, como o parto por exemplo, no caso de existir esse fator. Em quase metade dos casos, não detectamos nenhum fator associado. Sugere-se que as escovas progressivas podem contribuir também para essa queda demasiada.

Como tratar o Eflúvio telógeno?

Na maioria das vezes, não é necessário nenhum tratamento. A tendência é uma normalização da queda após 6 meses. Podemos optar pelo uso de alguns multivitamínicos, buscando tentar encurtar a duração.

O uso de solução ou xampus à base de corticóide também ajudam a reduzir a queda.

No caso de alguma alteração encontrada nos exames é preciso tratar o problema em questão, para a queda poder normalizar.

Para eflúvios que duram mais que 6 meses, pode ser necessária uma investigação mais detalhada e avaliar a introdução do tratamento com MMP e Multiwaves.

2- Alopécia Androgenética

É a calvície, que pode ocorrer em homens ou em mulheres. Em homens já é bem conhecido o aspecto, a “coroa” e as “entradas” sem cabelo. Mas a mulher calva, começa a notar o cabelo ficar muito ralo, a sensação que o couro cabeludo está “vazio”. A linha média do couro cabeludo da mulher vai se distanciando e ficando cada vez mais larga.

Quais as causas de Alopecia androgenética?

Como o próprio nome já diz, é uma questão genética! Só é importante diferenciar de um processo de envelhecimento natural. É claro, que quando envelhecemos, nossa pele muda, nosso corpo muda e assim, nosso cabelo também.

Como tratar a Alopécia Androgenética?

As 2 medicações com maior comprovação científica ainda são as mesmas: MINOXIDIL E FINASTERIDA.

Hoje temos as seguintes opções:

  • Minoxidil tópico;
  • Minoxidil oral;
  • Finasterida;
  • MMP (microinfusão de medicamentos percutâneo);
  • Laser capilar;
  • Transplante capilar.

Nenhuma das opções irá trazer a cura. Os resultados são vistos durante o tratamento e por isso, não podem nunca ser suspensos.

Os tratamentos no consultório nunca devem ser prescritos sem associar os tratamentos em casa e nem todos os pacientes obterão a mesma resposta.

3- Alopecia Fibrosante Frontal

Esse diagnóstico vem aumentando nos consultórios de dermatologia e ainda não sabemos ao certo o motivo. Talvez exista algum fator ambiental envolvido, mas ainda não descobrimos.

É uma forma de alopécia lentamente progressiva, por um a dez anos, e cicatrizante, ou seja, irreversível, que apresenta recesso margens frontal e temporal de implantação dos cabelos, dando a aparência da testa ir ficando maior.

Parece que a doença é autolimitada, na maioria dos casos, entretanto, o grau de progressão, antes da estabilização, é imprevisível. Significa que esse recesso frontal ou “aumento da testa” pode ir progredindo quase até a metade do couro cabeludo, mas em algum momento irá parar e estabilizar.

Por seu caráter irreversível, o objetivo do tratamento deve ser o de evitar o progresso da doença e isso deve ser deixado bem claro para o paciente. O que “perdeu”, infelizmente, não será mais recuperado.

Como fazer o diagnóstico da Alopecia Fibrosante Frontal?

Muitas pessoas com Alopecia Fibrosante Frontal, estão com diagnóstico errado de Alopecia Androgenética. É um diagnóstico difícil e para tal precisamos:

  • Uma boa história do paciente;
  • Avaliação dermatoscópica;
  • Exame de tricoscopia.

Como tratar a Alopecia Fibrosante Frontal?

O seu tratamento ainda é um desafio. Nenhum tratamento é realmente efetivo para este tipo de alopecia. Trabalhos variados mostram resultados com algumas substâncias e é o que temos utilizado na prática clínica:

  • Corticoides tópicos, intralesionais e orais;
  • Retinóides tópicos;
  • Minoxidil tópico;
  • Minoxidil oral
  • Hidroxicloroquina;
  • Finasterida;
  • Dutasterida;
  • Doxiciclina;

O tratamento é mantido até detectarmos a estabilização clínica da doença.

4- Alopecia Areata

Em geral o paciente chega se queixando que estão surgindo “buracos” no couro cabeludo. Essa é a forma mais comum, perdas localizadas de cabelo.

Há casos raros de alopecia areata total, nos quais o paciente perde todo o cabelo da cabeça; ou alopecia areata universal, na qual caem os pelos de todo o corpo.

Quais as causas da alopecia areata?

É uma doença que pode ser genética e é autoimune, ou seja, o corpo ataca partes dele que são normais mas ele reconhece como estranhas.

A pessoa tem um predisposição a ter a doença, mas ela é desencadeada, normalmente por estresse.

Como tratar a alopecia areata?

Casos localizados:

  • Corticóide tópico;
  • Corticóide intralesional;
  • Minoxidil

Casos mais extensos ou com rápida progressão:

  • Corticóide oral;
  • Antralina;
  • Difenciprona;
  • Metotrexato.

5- Eflúvio anágeno

É uma queda menos comum que o eflúvio telógeno. Aqui, o cabelo cai quando ainda está na sua fase de crescimento, a fase anágena

A causa principal é quimioterapia. Mas algumas doenças e infecções também podem provocar. Na dúvida entre eflúvio telógeno ou anágeno, um tricograma é importante, para avaliar em que fase do ciclo os cabelos estão e direcionar o tratamento.

Como tratar Eflúvio anágeno?

  • Minoxidil, como auxiliar, pois ele prolonga a fase anágena;
  • Tratar a causa de base.

É possível reduzir a queda na quimioterapia, utilizando uma touca gelada, porém, nem todos os pacientes toleram.

6- Foliculite Dissecante

São áreas avermelhadas de inflamação no couro cabeludo, que lembram uma foliculite, podendo evoluir com nódulos, abscessos, fístulas e áreas de perda dos cabelos. Acomete predominantemente o couro cabeludo de homens jovens afrodescendentes, entre 18 e 40 anos de idade.

Como tratar a foliculite dissecante?

  • Isotretinoina oral;
  • Antibióticos orais e tópicos;
  • Antissépticos.

O tratamento precisa ser rapidamente iniciado, pois é uma forma de alopecia que evolui para cicatriz.

7- Foliculite Decalvante

São pequenas espinhas vermelhas, com ou sem pus no couro cabeludo, a pele pode ficar avermelhada e inflamada e podem ocorrer lesões parecidas com furúnculos. Costuma acometer mais a parte de trás do couro cabeludo e as vezes forma uma área bem dura e dolorida.

Como tratar a Foliculite Decalvante?

É uma doença que apresenta baixa resposta aos tratamentos, mas algumas opções são sugeridas:

  • Antibióticos sistêmicos e tópicos;
  • Corticosteroides tópicos, sistêmicos e intralesionais;
  • Isotretinoína;
  • Dapsona.

O paciente deve evitar também raspar o local

Existem ainda outras causas de queda de cabelo. Abordei aqui as mais comuns. Então, sempre procure um dermatologista se esse for um problema que te incomoda.

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