Todos os dias recebo no consultório essa pergunta:

 “Dra, qual o melhor filtro solar?”

E respondo que existe no mercado uma infinidade de protetores solares solares muito bons e que o melhor para uma pessoa não necessariamente será para outra. O mais importante é se adaptar a um e utilizá-lo todos os dias, pois já sabemos o quanto a radiação ultravioleta e a luz visível fazem mal para nossa pele.

Mas existem diversas informações que precisamos estar atentos ao buscar selecionar um filtro solar. Vocês sabem que informações são essas? 

Vou falar aqui detalhadamente sobre fator de proteção, diferenças entre filtros químicos e físicos, ingredientes dos rótulos e as polêmicas em relação a fazerem mal para a saúde. 

Será que realmente fazem?

O que devemos procurar nos rótulos dos protetores solares?

Ao escolher um filtro solar, é importante observar várias informações no rótulo para garantir que você está adquirindo um produto adequado para proteger sua pele. 

Já somos uma geração que vem aprendendo a ler rótulos de comidas. É importante também aprendermos a ler os rótulos dos produtos que estamos usando na nossa pele, para entender se estamos realmente fazendo boas escolhas.

Diversas informações devem constar no rótulo de um filtro solar. 

Vou falar um pouco sobre elas:

FPS (Fator de Proteção Solar) – o que é FPS no protetor solar?

O FPS é a medida que já conhecemos, o número da proteção solar. Quando dizemos filtro solar 30, ou 60, significa que o FPS é 30 ou 60.

É uma medida que indica a proteção contra os raios UVB, responsáveis pelas queimaduras solares e mais relacionadas ao câncer de pele.

Indica quanto tempo a proteção do filtro solar pode ser estendida em relação à exposição sem proteção.

Por exemplo, um FPS 30 significa que você pode ficar exposto ao sol 30 vezes mais do que sem proteção antes de começar a queimar.

Recomenda-se escolher um filtro solar com FPS 30 ou superior.

É claro que não podemos considerar que estamos livres para a exposição apenas por estar usando um filtro solar com FPS alto. Muitas coisas estão envolvidas aqui, como a intensidade da exposição, o índice UV, perda da proteção devido ao suor ou água, entre outros fatores que falarei mais adiante.

PPD (Persistant Pigment Darkening): o que é PPD no protetor solar?

O PPD é uma medida da proteção contra os raios UVA, que causam danos em longo prazo, como envelhecimento precoce da pele, mas também riscos de câncer de pele.

O valor do PPD indica a quantidade de proteção UVA que o filtro solar oferece.

É recomendável escolher um filtro solar com PPD 10 ou mais.

Nem todo filtro solar coloca no rótulo o valor do PPD. A maioria vai constar escrita apenas que contém proteção UVA, o que a meu ver, deveria ser melhor regulamentado;

Proteção contra a luz visível

Além dos raios UV, a luz visível também pode causar danos à pele, principalmente manchas e envelhecimento.

Alguns filtros solares oferecem proteção adicional contra a luz visível de alta energia, que são luzes de lâmpadas, celulares, computadores.

Filtros solares com pigmento costumam possuir proteção contra luz visível. Falaremos também sobre eles daqui a pouco.

Ingredientes

Leia o rótulo! 

Mesmo aquelas letrinhas bem pequenas que estão na caixa ou no verso do produto e se familiarize com o que está utilizando.

Procure por substâncias que você seja alérgico (a) ou sensível.

Evite filtros solares que contenham ingredientes potencialmente prejudiciais, como parabenos.

O FDA regulamentou uma lista dos ingredientes considerados seguros em um filtro solar, porém, essa lista é dinâmica e vale a pena ser consultada.

Nem todas as agências mundiais reguladoras estão de acordo e existem algumas substâncias cuja tendência mundial é evitar, devido ao risco ambiental e também possível risco à saúde humana. Também abordaremos isso mais adiante.

Reef safe (seguro para recifes)

Se você planeja nadar em ambientes marinhos, especialmente recifes de coral, é importante escolher um filtro solar rotulado como "reef safe" ou "seguro para recifes&quot. 

Esses produtos são formulados para minimizar os impactos negativos nos recifes de coral e nos ecossistemas marinhos. Vou explicar sobre os ingredientes que vêm sendo discutidos como potenciais causadores de danos ambientais, e inclusive alguns locais como Havaí e Palau já proibiram sua utilização.

Lembre-se então, de que é sempre uma boa prática ler o rótulo completo do filtro solar e, se tiver dúvidas, consultar um dermatologista para obter recomendações personalizadas com base nas necessidades da sua pele.

Para falar melhor sobre os ingredientes dos filtros solares, primeiro é preciso explicar que existem duas categorias principais de filtros solares: físicos e químicos.

A diferença fundamental entre eles está nos ingredientes ativos e no mecanismo de ação para proteger a pele dos raios solares.

Qual a diferença entre filtro solar físico e filtro solar químico?

Dependendo dos ingredientes presentes nos filtros, a forma de ação deles será diferente.

Temos dois grupos de filtros solares: filtros solares físicos e filtros solares químicos. Vou falar um pouco aqui sobre cada um:

Filtro solar físico:

  • Filtro solar mineral
  • Ingredientes: dióxido de titânio ou óxido de zinco
  • Formam uma barreira física sobre a pele que reflete e dispersa os raios UV.
  • Funciona imediatamente após a aplicação
  • Proteção contra os raios UVA e UVB
  • São menos propensos a causar irritação na pele sensível
  • Recomendados para pessoas com pele sensível ou propensa a alergias
  • Recomendado para crianças
  • Tendem a ser considerados mais "reef safe", ou seja, não danosos aos recifes de corais, pois suas partículas não são absorvidas pela água.

Em relação à qualidade de proteção, segurança para a pele sensível ou da criança e pouco ou nenhum malefício para a vida marinha, são os melhores filtros solares. 

Mas por que então não são esses os indicados para todas as pessoas?

O grande problema nos filtros físicos ainda está na cosmética. São filtros mais difíceis de espalhar, que ficam mais brancos no rosto ou quando tem cor adicionada, é difícil uma paleta muito variável como nos filtros químicos.

Por isso, muitas pessoas não se adaptam ao seu uso, principalmente no dia a dia. Uma tendência hoje é tentar adicionar ingredientes físicos em filtros químicos, tornando-os mistos.

Filtro solar químico:

  • Filtros orgânicos
  • Eles penetram na pele e absorvem os raios UV, convertendo-os em energia de baixa intensidade, que é liberada na forma de calor.

Ou seja, pegam uma energia cancerígena dos raios UV e a transformam em outra através de uma reação química.

  • Demoram cerca de 20 minutos para se tornarem efetivos após a aplicação na pele.
  • Eles oferecem proteção contra os raios UVA e UVB, mas a eficácia pode diminuir com o tempo, exigindo aplicações mais frequentes.
  • Maior chance de causar irritação em pessoas com pele sensível.

Alguns ingredientes de filtros solares químicos podem ser absorvidos pelo corpo em pequenas quantidades. Isso levantou diversas discussões mais recentes sobre que impacto poderia gerar para a saúde. As pesquisas estão em andamento e até então não existe nada conclusivo.

Ambos os tipos de filtros solares são eficazes na proteção contra os danos causados pelos raios UV, e a escolha entre um filtro solar físico ou químico pode depender das preferências pessoais, tipo de pele e necessidades. 

É importante lembrar que a aplicação adequada e a reaplicação regular do filtro solar são fundamentais, independentemente do tipo escolhido.

protetor solar físico X químico

Qual filtro solar é melhor: físico ou químico?

Sempre explico aos pacientes, que o melhor filtro solar é aquele que você consegue utilizar no seu dia a dia. Como discutimos anteriormente, parece que os filtros físicos seriam superiores, pois agridem menos a pele, não agridem a vida marinha e precisam de menos aplicações para não perder o efeito.

Então, por que não optar sempre por um filtro solar físico?

Em geral, a cosmética de um filtro solar físico ou mineral não é tão boa quanto a dos filtros químicos. Eles são mais difíceis de espalhar, mais difíceis de remover e as opções no mercado são muito menores, com isso acabam também tendo um custo mais elevado.

Os filtros físicos são aqueles que comumente deixam na pele um aspecto mais esbranquiçado.

Porém, hoje já existem algumas opções mais aceitas cosmeticamente, e inclusive com pigmento adicionado, o que ajuda na proteção contra luz visível.

Apesar da grande polêmica em cima dos filtros químicos serem absorvidos pela pele e poderem causar algum mal, não existe ainda nada que comprove tais dados. Por enquanto, sabemos que o risco do câncer de pele é muito alto e o importante é utilizar algum, de qualidade, lembrando de conferir as informações do rótulo.

Já para crianças eu enfatizo muito a importância de utilizar sempre que possível um filtro solar físico (mineral). 

No mercado brasileiro temos poucas opções ainda, infelizmente.

O que é luz visível e como ela pode afetar a minha pele?

A luz visível é um tipo de luz que é emitida naturalmente pelo sol e também é produzida artificialmente por fontes de luz, como lâmpadas e dispositivos eletrônicos, como celulares e computadores.

Ela desempenha um papel importante na visão humana e é responsável por nos permitir enxergar as cores e os detalhes do mundo ao nosso redor.

No entanto, quando se trata de sua relação com a pele, a luz visível pode ter efeitos negativos.

Embora seja menos energética do que a luz ultravioleta, estudos sugerem que a exposição prolongada à luz visível pode contribuir para o envelhecimento prematuro da pele, bem como para o surgimento de manchas. 

A luz visível pode causar destruição do colágeno na pele, provocando surgimento de rugas, flacidez e perda da elasticidade.

Além disso, a exposição à luz visível também pode desencadear processos inflamatórios na pele e aumentar a produção de melanina, o pigmento responsável pela cor da pele. Isso pode levar ao surgimento de manchas escuras, especialmente em pessoas com pele mais suscetível à hiperpigmentação.

Para proteger a pele dos efeitos danosos da luz visível, é recomendado o uso de protetor solar de amplo espectro, que oferece proteção tanto contra os raios ultravioletas quanto contra a luz visível, mesmo dentro de casa! 

Além disso, limitar a exposição direta ao sol, especialmente durante os horários de pico de intensidade solar, pode ajudar a reduzir os danos causados pela luz visível.

Isso explica porque algumas pessoas desenvolvem manchas durante a pandemia de Covid quando ficaram em home Office. 

O hábito de usar filtro solar diariamente era comum em muitas delas e acabaram abandonando por estarem apenas dentro de casa. Ficaram mais tempo expostas à tela, com a luz visível desencadeando manchas.

Por isso, é muito importante que um filtro solar tenha também proteção contra a luz visível.

Como optar por filtro solar com proteção à luz visível?

Para adicionar proteção contra a luz visível em um filtro solar, é necessário procurar por produtos que ofereçam proteção de amplo espectro.

Aqui estão algumas opções que você pode considerar:

  • Filtros solares com pigmento, ou seja, com cor de base, possuem na formulação óxido de ferro, responsável por adicionar proteção à luz visível
  • Filtros minerais com dióxido de titânio e óxido de zinco;
  • Filtros com antioxidantes como vitamina C e vitamina E podem ajudar a neutralizar os danos causados pelo estresse oxidativo gerado pela luz visível. 

Outra opção, é adicionar outro produto, por baixo do filtro solar, rico em antioxidantes

É necessário reaplicar o filtro solar? De quanto em quanto tempo?

Sim, é necessário.

Principalmente os filtros solares químicos, que são os mais amplamente utilizados, precisam ser reaplicados, pela regra, a cada 2 horas.

Sabemos que a eficácia do filtro vai depender do quanto ele está precisando “trabalhar”.

Digamos então, que você está na praia, exposta diretamente ao sol. Nesse caso, a reaplicação deverá ser no máximo a cada 2 horas. Se suar ou entrar na água, precisa reaplicar. 

O filtro está ali o tempo todo precisando absorver o sol, converter a energia danosa dele em uma energia menos danosa e a cada vez partículas dele vão sendo quebradas e ele vai perdendo o efeito.

Se o seu dia for todo dentro de um ambiente fechado, ele provavelmente está sendo menos “gasto”. Como ainda não temos essa resposta exata, a recomendação ainda é para reaplicar a cada 2 horas, porque é o que temos de informação mais garantida.

Reaplicar o filtro solar é importante então, para garantir uma proteção contínua ao longo do tempo, pois a eficácia dos filtros solares diminui com o tempo de exposição ao sol, devido a fatores como o atrito, suor e contato com a água.

Existem, então, algumas diretrizes gerais sobre a freqüência de reaplicação do filtro solar:

Tempo de reaplicação:

É recomendado reaplicar o filtro solar a cada duas horas, especialmente durante períodos de exposição solar intensa, como quando você está na praia, na piscina ou praticando atividades ao ar livre. 

Se você estiver suando muito ou entrar em contato com água, como nadar, é necessário reaplicar o filtro solar mais freqüentemente, mesmo que ainda não tenham passado duas horas.

Quantidade aplicada:

A quantidade adequada de filtro solar é essencial para garantir uma proteção eficaz.

Aplique uma camada generosa e uniforme em todas as áreas expostas da pele.

 Em geral, estima-se que uma colher de chá (cerca de cinco ml) de filtro solar seja suficiente para o rosto e uma colher de sopa (cerca de 30 ml) para o corpo.

Fatores ambientais:

Além do tempo decorrido, fatores ambientais, como a intensidade da luz solar e a reflexão dos raios solares em superfícies como areia, água e neve, podem afetar a necessidade de reaplicação.

Se você estiver em um ambiente altamente reflexivo, pode ser necessário reaplicar com mais frequência para garantir uma proteção adequada.

É importante ressaltar que essas são apenas diretrizes gerais e a recomendação exata pode variar dependendo do tipo de pele, do produto específico que você está usando e das condições ambientais.

Sempre verifique as instruções no rótulo do seu filtro solar, pois alguns produtos podem ter recomendações específicas de reaplicação.

Lembre-se também de que o filtro solar não é a única medida de proteção solar. É aconselhável buscar sombra, usar roupas de proteção, como chapéus e roupas de manga

longa, e evitar a exposição direta ao sol durante os horários de pico de intensidade solar, que geralmente são entre as 10h e às 16h.

Assim, além da proteção adicionada pelo uso das roupas, o próprio filtro vai precisar trabalhar menos nessa luta contra a radiação solar e a sua eficácia também será maior.

Preciso reaplicar também os filtros físicos ou minerais?

Os filtros físicos, como o dióxido de titânio e o óxido de zinco, funcionam criando uma barreira física na superfície da pele, refletindo e dispersando os raios solares. 

Esses filtros tendem a ser mais estáveis do que os filtros químicos e geralmente têm uma duração mais longa na pele.

No entanto, mesmo com os filtros físicos, é recomendado aplicá-los ao longo do dia, especialmente em situações em que há atrito na pele, como esfregar com toalhas, suor excessivo ou contato com água.

Esses fatores podem fazer com que o filtro solar seja removido ou fique menos eficaz ao longo do tempo.

Acreditamos que para uma exposição diretamente ao sol, ele precisa ser reaplicado, porém, para o dia a dia, dentro de ambiente fechado do trabalho ou em casa, pode ser que ele consiga exercer sua função ao longo do dia todo. 

Como ainda não temos certeza disso, minha recomendação é que sempre que possível , seja reaplicado.

Como reaplicar o filtro solar ao longo do dia?

Sabemos que uma grande dificuldade é reaplicar o filtro, ainda mais se estamos com filtro com cor e maquiagem.

A boa notícia é que o óxido ferroso presente nos filtros com cor, não é absorvido pela pele, mas forma uma camada protetora na superfície da pele.

Essa camada pode ser menos suscetível à degradação ao longo do tempo em comparação com os filtros solares químicos sem pigmento.

Assim, se a exposição estiver sendo dentro de um escritório, a fontes de luz visível, como computadores, ele provavelmente estará exercendo sua função.

Uma opção para garantir a reaplicação, sem precisar remover tudo é utilizar filtros em pó. Muitos desses filtros são compostos por substâncias minerais. Eles podem ser aplicados por cima da maquiagem.

Existem algumas opções em creme no mercado já com essa proposta também da reaplicação, que poderiam ser passado mesmo por cima de tudo, sem necessidade de lavar a pele.

Protetor solar em pó é eficaz?

Recomendo os protetores solares em pó para usar por cima de um filtro em gel ou creme ou também para as reaplicações ao longo do dia. Mas não recomendo seu uso de forma isolada porque a camada que é aplicada dele é muito fina e garante uma proteção menor.

Como conservar um filtro solar na embalagem para ele não perder sua função?

Inicialmente, é importante ficar atento à data de validade. 

A validade de um filtro solar pode variar dependendo da marca e das especificações do produto, e geralmente é indicada no rótulo da embalagem. 

A maioria dos filtros solares têm uma validade de cerca de dois a três anos a partir da data de fabricação.

É importante respeitar a data de validade do filtro solar, pois após esse período, a eficácia do produto pode diminuir e a proteção solar pode não ser adequada.

Além de verificar a data de validade, vocês sabiam que a forma de armazenar o seu filtro pode fazer com que ele perca a função?

Vou falar aqui algumas dicas, para evitar que vocês utilizem um produto que a eficácia está reduzida:

1- Armazenamento:

Mantenha o filtro solar em local fresco e seco, longe da exposição direta ao sol e do calor excessivo. Temperaturas extremas podem afetar a qualidade do produto.

Quando levar para praia, a recomendação é que ele fique sempre enrolado em uma toalha dentro da bolsa e se possível, em um compartimento térmico que não deixe ele esquentar tanto.

2- Vedação da embalagem:

Certifique-se de que a embalagem do filtro solar esteja sempre bem fechada após o uso. Isso ajuda a evitar a exposição desnecessária do produto ao ar e à umidade, que podem alterar sua composição.

3- Evite contaminação:

Evite colocar os dedos diretamente no produto para evitar a contaminação. Derrame na mão a quantidade que será usada;

4- Não compartilhe o produto:

Evite compartilhar seu filtro solar com outras pessoas, pois isso pode levar à transferência de bactérias e contaminantes. Isso se aplica aos filtros em bastão. Os filtros em cremes podem ser compartilhados respeitando a regra de não encostar as mãos diretamente no frasco;

5- Verifique alterações no produto:

Se você notar qualquer mudança na cor, cheiro ou consistência do filtro solar, é recomendado descartá-lo, mesmo que ainda esteja dentro da validade. 

Essas alterações podem indicar que o produto não está mais eficaz ou pode estar contaminado.

Seguir essas práticas de conservação ajudará a manter a qualidade e a eficácia do filtro solar durante o seu período de validade.

como conservar seu protetor solar

Quais as substâncias presentes nos filtros solares são aprovadas para uso na pele?

Hoje, existe uma grande preocupação a respeito de quais substâncias seriam realmente seguras tanto para saúde quanto para o meio ambiente.

Infelizmente, o FDA, por exemplo, coloca como 100% seguros apenas os seguintes ingredientes:

Óxido de ferro e dióxido de titânio, as duas substâncias dos filtros físicos.

Isso quer dizer então, que as substâncias dos filtros químicos não são seguras? 

Não, não é isso.

Eles liberaram uma lista de 12 substâncias que são permitidas nos filtros químicos, porém , o posicionamento é que são necessários mais estudos para comprovar que não há nenhum risco.

O entendimento da sociedade Brasileira de Dermatologia é que, diante do grande malefício que a exposição ao sol pode causar e do baixíssimo risco de que alguma dessas substâncias realmente faça mal à saúde, compensa a liberação mesmo que ainda exigindo mais estudos.

Nós dermatologistas nos posicionamos contra qualquer campanha que propague a não utilização do filtro solar, pois os malefícios da exposição já foram comprovados.

Duas substâncias dos protetores solares colocadas como não seguras são: PABA e trolamine salicilato. E já foram retiradas da grande maioria das formulações.

Outras substâncias que estão em evidência atualmente porque estudos demonstraram que causam danos aos corais são: oxybenzona, octocrileno e octinoxato.

Outros estudos tentaram atribuir problemas à saúde humana, porém a forma como a análise foi feita não corresponde à realidade e por enquanto, isso não está sendo levado em consideração.

Essas substâncias, além dos parabenos, foram banidas de serem comercializadas e utilizadas em locais como Havaí, Palau e Ilhas Virgens, que levam muito a sério a conservação dos corais

Como é a regulamentação em relação ao perfil de segurança dos protetores solares?

Não existe ainda um consenso universal, inclusive dentro de um mesmo país ocorrem divergências.

No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) é a agência reguladora responsável pela regulamentação de produtos de saúde, incluindo filtros solares.

 A ANVISA estabelece diretrizes e regulamentos para garantir a segurança e eficácia dos produtos disponíveis no mercado.

A ANVISA não proíbe substâncias específicas nos filtros solares, mas estabelece requisitos e limites para os ingredientes ativos e auxiliares usados nesses produtos. 

Esses requisitos são baseados em estudos científicos e em avaliações de segurança e eficácia. Porém, eles divergem ainda de padrões americanos e europeus.

Por exemplo, uma substância que envolve grande polêmica é a oxibenzona. 

Nenhuma agência regulatória proibiu seu uso, mas na Europa a concentração permitida em filtros solares é de 2,2%. Os Estados Unidos restringe a 6% e a ANVISA permite até 10%.

Mas afinal, o que é a oxibenzona? Ela realmente faria mal à saúde?

FILTROS QUÍMICOS: Atenção a Oxibenzona e ao Octinoxato

Quando avaliamos qualquer trabalho científico temos que tomar cuidado para extremismos que comprometam a nossa saúde. 

Por exemplo, se posicionar contra filtros químicos pode fazer crescer o número de câncer de pele, pois as substâncias aprovadas, são eficazes em combater os malefícios gerados pela exposição solar.

Diversas pesquisas tentam convencer que substâncias aprovadas são encontradas na corrente sanguínea e isso causaria mal à saúde, mas em nenhum momento nada disso foi comprovado.

O fato de a substância ser absorvida pela pele e encontrada no organismo não necessariamente significa que fará algum mal.

Porém, existem duas substâncias que vêm sendo colocadas cada vez mais em evidência como causadoras de impacto negativo no nosso organismo e também no meio ambiente. 

São elas: oxibenzona e octinoxato.

Essas duas substâncias presentes em diversos filtros químicos, têm levantado muitas discussões pelo mundo.

Pesquisas tentaram indicar que eles podem diminuir níveis de hormônios e causar alergias. Mas, assim como falado anteriormente, nada disso foi comprovado. Por enquanto, são apenas possibilidades. 

A oxibenzona foi encontrada em mais de 96% da população americana, sendo que, quando medida em adolescentes, os pesquisadores tentam comprovar que ela diminuiria os níveis de testosterona, além de que, em 85% das mulheres que amamentam, também foi encontrada no leite materno.

Estudos em animais indicam que a oxibenzona e o octinoxato afetam diretamente à reprodução e o desenvolvimento, alterando hormônios da tireóide, reduzindo número e qualidade de espermatozóides, atraso na puberdade, aumento dos casos de endometriose nos animais fêmeas. 

Ainda não foi demonstrado que isso acontece em seres humanos.

A oxibenzona é proibida nos filtros solares?

Não.

As agências que regulam nos EUA, Europa e Brasil, não proibiram o uso da substância, mas têm tentado regulamentar a concentração máxima dela.

Existe um grupo americano, chamado Environmental Working Group.

É uma organização não governamental americana especializada em pesquisa e advocacia nas áreas de subsídios agrícolas, produtos químicos tóxicos, poluentes da água potável e responsabilidade corporativa.

Embora a segurança dos ingredientes seja determinada pelo órgão regulatório de cada país, a EWG desenvolveu um banco de dados para classificar os ingredientes, baseado em pesquisas científicas das principais fontes do mundo, em relação à segurança da saúde humana e ao impacto ambiental.

Eles vêm tentando proibir essa e algumas outras substâncias, alegando que causam danos aos recifes de corais e também distúrbios endócrinos em seres humanos.

Eles recomendam fortemente evitar seu uso.

Em alguns países, como a Suíça, seu uso é proibido. Alguns locais como Palau, Hawaii, Aruba, Key West e Ilhas Virgens americanas proibiram também a venda e o uso de filtros solares que contenham oxibenzona. 

Alguns proibiram também octocrileno e octinoxato.

Ah, então se eu quiser evitar o uso de oxibenzona, basta procurar no rótulo se ela está lá?

Sim, mas não é tão simples, pois ela vem com nomes variáveis de compostos químicos.

Como identificar se a oxibenzona está presente no protetor solar que escolhi?

O composto orgânico nos protetores solares, em hidratantes com fator de proteção, esmalte para unhas, perfumes femininos e masculinos, protetores solares para os lábios, bases, spray de cabelo, condicionador e também em alguns xampus, cremes anti-rugas, BB creams, loção pós-barba e também no protetor solar para crianças.

Já que agora estamos aprendendo a ler os rótulos, devemos procurar nas embalagens pelas seguintes opções que indicariam oxibenzona:

  • Oxybenzone,
  • B3,
  • Benzophenone-3,
  • (2-Hydroxy-4-Methoxyphenyl) Phenyl- Methanone,
  • (2-Hydroxy-4-Methoxyphenyl) Phenylmethanone;
  • 2-Benzoyl-5-Methoxyphenol;
  • 2-Hydroxy-4-Methoxybenzophenone;
  • 4-Methoxy-2-Hydroxybenzophenone,
  • Advastab 45;
  • Ai3-23644;
  • Anuvex;
  • 2-Hydroxy-4-Methoxy.

A ANVISA permite concentrações de até 10%, o que é muito acima do permitido em outros países. Porém, obriga que para concentrações acima de 0,5% venha escrito no rótulo:

Contém oxibenzona.

Procurei em alguns rótulos e realmente encontrei, em letras miúdas, ao final da lista dos ingredientes, vários com essa informação.

Vou falar agora, de alguns dos principais ingredientes encontrados nos filtros solares químicos e os questionamentos sobre cada um.

Quais são os principais filtros químicos utilizados hoje?

1. Octocrylene / Octocrileno 

Estudos confirmaram toxicidade aquática, prejudicando a saúde dos corais.

Existem preocupações sobre toxicidade humana e alergias, mas ainda está sendo avaliado quanto a isso. Nada conclusivo.

Brasil, Europa e EUA restringiram as concentrações permitidas

Regiões como Ilhas Virgens Americanas, República de Palau e Hawaii (a partir de janeiro de 2024) proibiram a venda e o uso de protetores solares com octocrileno na composição.

2. Oxybenzone / Oxibenzona 

Estudos confirmaram toxicidade aquática, prejudicando a saúde dos corais.

Existem preocupações sobre toxicidade humana e alergias, mas ainda está sendo avaliado quanto a isso. Nada conclusivo

Brasil, Europa e EUA restringiram as concentrações permitidas

O EWG (Environmental Working Group) recomenda fortemente aos consumidores evitarem produtos com o uso desse ingrediente, principalmente em crianças

Regiões como Hawaii, Ilhas Virgens Americanas, Aruba, Key West, e República de Palau proibiram a venda e o uso de protetores solares com oxybenzone na composição.

3. Homosalate / Homosalato 

A princípio, não demonstrou efeitos nocivos aos corais nem a saúde humana, desde que regulamentado sua concentração permitida.

Na Europa é permitido até 7,34%. No Brasil e EUA a permissão é de até 15%

4. Avobenzone / Avobenzona 

Atualmente é um dos filtros químicos mais utilizados, pois possui ação contra raios UVA I, UVA II e UVB

Existe uma regulamentação da concentração máxima de 5%

Nada oficialmente demonstrou malefícios a saúde humana ou ambiental

Apesar das poucas informações, a partir de janeiro de 2024, a avobenzona entra também para a lista de filtros proibidos no Hawaii.

5. Ethylhexyl Salicylate (octisalate) / Octissalato

Não parece causar nenhum mal, porém sua eficácia é fraca e em geral vem sempre junto a outros compostos

6. Ethylhexyl Methoxycinnamate / Octinoxate

É uma das substâncias de maior discussão, junto com oxibenzona e octocrileno, em relação à segurança

Existem preocupações que pode ser tóxico e causar distúrbios endócrinos, mas nada foi conclusivo até o momento.

Regiões como Hawaii, Ilhas Virgens Americanas, Key West e República de Palau proibiram a venda e o uso de protetores solares com octinoxate na composição.

7. Bis-ethylhexyloxyphenol methoxyphenyl triazine 

Apresenta um amplo espectro de proteção, contra raios UVA e UVB.

Até então, nenhum perigo foi classificado.

É considerado um filtro de nova geração e, por isso, existem poucos estudos toxicológicos e evidências ainda documentadas.

8. Methylene bis-benzotriazolyl tetramethylbutylphenol

Apresenta um amplo espectro de proteção, contra raios UVA e UVB.

Até então, nenhum perigo foi classificado.

É considerado um filtro de nova geração e, por isso, existem poucos estudos toxicológicos e evidências ainda documentadas

Protetor solar natural, é eficaz?

Tomem muito cuidado com produtos que se intitulam como filtro solar natural.

Substâncias naturais não necessariamente estão na lista como eficazes na proteção contra as radiações. Algumas podem até causar irritações quando em contato com o sol.

Um protetor solar que se intitule como “reef safe”, ou seguro para os corais, não é um protetor solar natural. Ele apenas não contém as substâncias que foram banidas por uma questão ambiental.

A maioria das substâncias naturais não são eficazes para a proteção.

Se a intenção for buscar um filtro sem química, opte pelos filtros físicos, mas não por filtros “naturais”.

Depois de tudo que falamos, afinal, qual melhor protetor solar para minha pele?

Algumas dicas então gerais aqui:

  • Escolha o protetor solar ideal junto com seu dermatologista.
  • Quando possível opte por filtros minerais
  • O melhor protetor solar para a pele sensível ou com rosácea é o físico ou mineral
  • Para crianças e gestantes, opte, sempre que possível, por filtros minerais também
  • Protetor solar com cor aumenta a eficácia e durabilidade da proteção tanto da radiação ultravioleta quanto da luz visível
  • Protetor solar em pó não deve ser usado de forma isolada
  • Os benefícios de usar protetor solar todos os dias vão muito além de estética. Redução de manchas, envelhecimento, mas também de danos ao DNA e câncer de pele
  • Associe o uso de substâncias antioxidantes, como vitamina C, por baixo do seu protetor
  • Não se esqueça de reaplicar ao longo do dia

E por último, crie o hábito de ler os rótulos dos produtos que usa na sua pele.

Espero que tenha sido útil esse texto.

Existem muitas outras coisas que podemos ainda falar sobre sol, radiação solar e protetor solar. 

Qualquer dúvida, me chamo Alessandra Drummond, dermatologista e estou à disposição.

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